Outro dia, em uma conversa com um amigo, ele me confidenciou que não gosta de surpresas.
Fiquei até surpreso com isso. Como alguém pode não gostar de ser surpreendido? Até entendo se for uma surpresa ruim, mas não esperar algo bom e, de repente, ser agraciado com aquilo, é das melhores coisas da vida, na minha opinião.
Digo isso porque tive duas boas surpresas relacionadas com a cultura pop nesta semana. Uma delas foi o filme "Better Man", a cinebiografia de Robbie Williams, que eu já tinha visto a algum tempo mas chega aos cinemas esta semana.
A outra foi o EP de Gal Costa que a Universal colocou nas plataformas, de forma inusitada e surpreendente.
Falo sobre ambos mais aí pra baixo, mas não posso deixar de registrar aqui não só a minha surpresa com estes dois ítens, como também que eles não só me pegaram com as calças arriadas, mas me arrebataram.
Será que o meu amigo, que não gosta de surpresas, também não gosta de ser arrebatado? Pra mim não tem nada melhor do que ouvir, ler ou assistir algo que você não espera que te pegue e, de repente, pum, você ficar completamente entregue.
Eu até costumo dizer que, apesar de adorar surpresas, não tem muita coisa no mundo que realmente me surpreende, quando o assunto é cultura pop e entretenimento.
Mas ao mesmo tempo, que bom que eu quebro a cara de vez em quando. É isso que nos mantem vivos culturalmente, e é isso que nos move, principalmente em momentos onde a pasmaceira parece tomar conta.
IMAGEM DA SEMANA
O Dia Internacional da Mulher foi no último sábado, mas este mês inteiro é dedicado a elas.
Portanto, nada mais justo do que esta foto, que resume o punk rock feito por mulheres.
Nela estão Debbie Harry (Blondie), Viv Albertine (The Slits), Siouxsie Sioux (Siouxsie and the Banshees), Chrissie Hynde (The Pretenders), Poly Styrene (X-Ray Spex) e Pauline Black (The Selecter).
A SEMANA DA CULTURA POP
Saiu o novo trailer de “F1”. Bem a tempo da abertura da temporada, neste fim de semana:
O trailer final da segunda temporada de “The Last of Us” revela que a relação entre Joel e Ellie vai passar por turbulências:
O Oscar de Melhor Animação que “Flow” ganhou está exposto na Letônia. A fila para vê-lo chega a 1 hora.
Aliás, o filme letão é um dos maiores encantadores de gatos que se tem notícia.
“Ne Zha 2”, o filme de animação chinês que se transformou na maior bilheteria de um filme do tipo na história, vai expandir territórios.
Aliás, além de ele ter ultrapassado os 2 bilhões em bilheteria, agora ele também é o sexto maior filme IMAX da história.
Falando em bilheterias, “Mickey 17” estreou com 50 milhões de dólares em todo o mundo.
Falando em bilheterias 2: “Ainda Estou Aqui” ultrapassou a impressionante marca de R$ 200 milhões em todo o mundo. Já é o sétimo filme brasileiro mais visto desde 2002.
A série “Andor” é uma das melhores (a melhor?) do universo Star Wars. Mas é uma das menos vistas. Por isso mesmo, a Disney resolveu lançar um recap de 14 minutos da primeira temporada, já que a segunda está perto de sua estréia. Nunca vi algo do tipo, feito pela própria produtora, mas achei bem apropriado, até porque é uma série e tanto. Vale (re)ver:
O produtor Rick McCallum deu uma entrevista em que falou de uma série do universo Star Wars que foi cancelada por George Lucas por seu alto custo - 40 milhões de dólares por episódio. Isso bem antes da venda para a Disney.
Karla Sofia Gascón deu uma entrevista em que pediu desculpas por tudo o que aconteceu e ainda disse que muita gente não teria sobrevivido ao cancelamento sofrido por ela.
A gente não para de falar do Oscar. Nem a imprensa. Este artigo analisa o que aconteceu na edição deste ano e sugere “novas regras” para 2026.
Nikki Glaser agradou. Vai repetir a dose e apresentar novamente o Globo de Ouro, no ano que vem.
Preparem os popozões para ficarem muito tempo na cadeira do cinema assistindo a “Avatar: Fire and Ash”. James Cameron já disse que o filme vai ser maior do que “Avatar: O Caminho da Água”, que tinha 3h15.
Aliás, a reação da esposa de Cameron ao assistir ao corte foi visceral, pra dizer o mínimo.
Saiu o teaser de “Spinal Tap 2”, que estréia em setembro:
Da obra de Stephen King, dirigido por Mike Flanagan e com Tom Hiddleston no papel principal. É “The Life of Chuck”, que estréia na temporada do verão do hemisfério norte:
O backlash em cima de “Branca de Neve” está fazendo com que a Disney pise um pouco no freio na campanha de divulgação do filme, incluindo aí a pré-estréia em Los Angeles, que vai ser mais contida.
Sim, teremos um “John Wick 5”.
Scarlett Johansson recusou uma idéia da Universal para que ela criasse contas em redes sociais para promover o novo “Jurassic World”. ScarJo não tem contas em nenhuma rede e não pretende fazê-lo. Um dia serei tão evoluído como e;a…
Martin Scorsese e Leonardo Di Caprio vão se reunir mais uma vez para a adaptação do livro “Home”, de Marilynne Robinson, para a Apple.
Sadie Sink entrou para o elenco do novo “Homem-Aranha”.
Saiu o trailer da esperadíssima sétima temporada de “Black Mirror”, que estréia em abril:
“Homem com H”, cinebiografia de Ney Matogrosso, vai encerrar o Festival do Cinema Brasileiro em Paris, que acontece em abril.
A Netflix está preparando um remake de “Cujo”, baseado na obra de Stephen King.
Aqui tem uma ótima matéria sobre a transformação de tudo em franquias, na esteira da recente venda da marca 007 para a Amazon.
A cinebiografia de Tiger Woods está em produção na Amazon.
Um documentário sobre Silas Malafaia está no lineup do festival Hot Docs, o mais importante do gênero nos Estados Unidos.
“Você” é um raro caso de série da Netflix que consegue emplacar várias temporadas. Aqui o trailer da quinta e última:
Já começaram a encontrar paralelos entre o personagem Wilson Fisk, da série “Demolidor: Renascido” e Donald Trump.
Uma série crossover de “Cheers” e “Frasier” pode acontecer, de acordo com o astro das duas, Kelsey Grammer.
E a Nicole Kidman disse que faz o que for preciso pra entrar pro elenco da próxima temporada de “The White Lotus”.
Falando na série da HBO, o The Guardian perguntou: por que ela é tão obcecada com imagens explícitas de pênis?
Da série “vem aí, mas ninguém pediu”: a segunda temporada de “O Casal Perfeito”.
Jeff Daniels vai entrar para a série “Falando a Real” interpretando o pai do personagem de Jason Segel na terceira temporada.
Outra série renovada para a segunda temporada: “Landman”, na Paramount+.
Matt Berninger, do The National, anunciou o lançamento de mais um disco solo com este single:
O Rei Charles III foi o dj convidado de um programa na última segunda-feira na Apple Music 1. Entre histórias de sua vida e músicas que fizeram sua cabeça, ouvimos gente como Bob Marley, Kylie Minogue, RAYE, Davido e Grace Jones.
Billie Eilish, Gracie Abrams e Bad Bunny vão se apresentar no iHeart Radio Awards, na próxima segunda-feira.
Lady Gaga anunciou, para depois do show em Copacabana, uma série de shows em Singapura. Vão ser quatro shows em estádio. Os primeiros em 13 anos dela por lá.
o Metallica e a Apple anunciaram um show imersivo usando a tecnologia de realidade virtual.
Jimin do BTS é agora o cantor de K-Pop com mais tempo nas paradas da Billboard Hot 100.
E essa história de que minutos depois de anunciada a morte de Neil Peart, os remanescentes do Rush começaram a receber emails de bateristas se oferecendo para o “cargo”?
Saiu single novo das HAIM:
O novo disco de Arnaldo Antunes vai trazer parcerias com Marisa Monte, Erasmo Carlos e David Byrne.
Jack White alterou a letra de uma música sua - “Companion” - durante um show no último fim de semana, para criticar Donald Trump e Elon Musk.
Gene Simmons está permitindo que fãs sejam seus roadies por um dia. Mas eles tem que pagar por isso.
Os 60 anos do Grateful Dead vão ser comemorados com uma caixa que traz, nada mais nada menos que 60 (!) Cds ao vivo.
Aqui uma matéria sobre como John Malkovich lidou com o fato de interpretar um artista pop recluso no filme “Opus”.
No passado, Nick Cave andou falando mal do Red Hot Chili Peppers. Tempos depois, ele fez as pazes com a banda, através de Flea, com quem colaborou, inclusive, para um disco de trumpete dele. A história está toda no blog de Cave, o Red Hand Files.
Alô Radioheadmaníacos: Thom Yorke anunciou álbum novo, desta vez em parceria com o produtor e dj Mark Pritchard. Ouça um single:
Vem aí um livro visual cobrindo os 50 anos de carreira do Iron Maiden.
O Tool, que está chegando para um show no Lollapalooza Brasil, foi vaiado nos dois shows que fez em seu próprio festival, na República Dominicana.
E o Rick Springfield que descobriu que tem um dano cerebral de uma queda sofrida no palco 25 anos atrás?
O Smashing Pumpkins vai comemorar o 30º aniversário do disco “Mellon Collie and the Infinite Sadness”, unindo-se à Lyric Opera of Chicago para uma série de shows em novembro.
Parece que a formação do Oasis que vai fazer a turnê mundial no segundo semestre já foi definida.
Agora é o fim mesmo: Cyndi Lauper anunciou as datas finais de sua turnê de despedida.
Ariana Grande vai lançar um curta-metragem com a versão deluxe de “Eternal Sunshine”.
Uma matéria sobre os nepobabys de “American Idol”.
George R.R. Martin vai abrir um bar. Com temática medieval, claro.
Vem aí a era dos videogames gerados por IA.
Chegou o trailer da quarta temporada de “Hacks”, que estréia em abril:
MERCADO, ETC
A Apple ganhou uma ação na justiça envolvendo os direitos autorais do filme “Tetris”.
A Warner fez um acordo com o serviço de streaming coreano Coupang para exibir séries como “The White Lotus”, “Succession” e “A Casa do Dragão” naquele país.
A San Diego Comic Con vai ter uma edição internacional, na Espanha.
No Valor Econômico: Por que nem as crises econômicas desaceleram os shows de heavy metal no Brasil.
PARA ASSISTIR NO CINEMA
Código Preto
Direção: Steven Soderbergh
Elenco: Michael Fassbender, Cate Blanchett, Pierce Brosnan
OUÇA A CRÍTICA NO PODCAST “MENINOS, EU VI”:
ONDE VER: nos cinemas de todo o Brasil
O podcast “Meninos, Eu Vi” está disponível no Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer, Castbox e Youtube, além do Spotify. Clique aqui para obter os outros links.
PARA ASSISTIR NO CINEMA
Better Man - A História de Robbie Williams
Direção: James Mangold
Elenco: Jonno Davies, Raechelle Banno, Kate Mulvany
A gente precisa admitir que Robbie Williams não é um cantor tão famoso entre nós, brazucas. Na real, Williams é famosão mesmo só no Reino Unido, tendo integrado a boy band Take That e depois trilhado uma carreira solo cheia de altos e baixos, tanto na música quanto em sua vida pessoal. Pode procurar por aí que você vai encontrar um monte de histórias dele com abuso de drogas, relacionamentos fracassados com mulheres e até sua amizade com os irmãos Gallagher, que nunca foram sinônimo de bom-mocismo. E, claro, vai encontrar alguns ótimos hits, como “Angels”, “Rock DJ” e “Come Undone”.
Por isso mesmo, eu entendo que muita gente não ligue para uma cinebiografia desse cara. Os britânicos mesmo não ligaram - o filme foi um fracasso de bilheteria por lá. Os estadunidenses eu nem vou contar. Uma pena. Porque todos esses aí, mais um monte de gente que deve estar me lendo aqui nesta newsletter, ia passar batido por esse filme. Sorte de vocês, caros leitores, que eu estou aqui para dizer: “Better Man” é a melhor cinebiografia de um músico dos últimos tempos.
Em primeiro lugar, pelo inusitado. Robbie Williams é interpretado por... um macaco! Por que um macaco? São muitas as explicações oficiais. De acordo com o diretor Michael Gracey (“O Rei do Show”), a representação do cantor por um primata simboliza suas lutas internas, o peso da fama e a forma como ele muitas vezes se viu como um "animal de circo" para a indústria do entretenimento. Robbie Williams foi além e disse que a decisão de usar um macaco como avatar de sua persona pública traduz sua relação conturbada com a fama e a imprensa, além de adicionar um tom surrealista ao filme.
Eu fui além. Para mim, a decisão foi simplesmente uma maneira de desvincular a imagem de Williams de qualquer outro ator que pudesse interpretá-lo e, assim, afastar as comparações ingratas. E sabem o que mais? Funcionou!
Com 15 minutos de filme, você já está entregue àquela história do popstar improvável, outsider dentro do próprio grupo, tido por muitos como um fracassado, até atingir o estrelato mundial e o ápice de sua carreira, fazendo três shows em Knebworth para cerca de 200 mil pessoas em cada um. E com mais cinco minutos de filme, você se esquece que está assistindo a um macaco (não é exatamente um macaco, mas um ator — Jonno Davies — que teve seus movimentos capturados digitalmente, no melhor estilo Andy Serkis/Gollum, em “O Senhor dos Anéis”).
E aí vem a música. Não espere uma história linear, com ascensão e queda de um ídolo. “Better Man” vai e volta, tira sarro de seu personagem principal, mostra as muitas fragilidades dele e usa as canções do astro para amarrar tudo em números musicais mais do que divertidos e inspirados, que acabam sendo o ponto alto do filme. A sequência de “Rock DJ” (que já havia rendido um dos melhores videoclipes deste século) é alucinante e tão bem dirigida que eu voltei para rever assim que o filme acabou.
Esqueça “Bohemian Rhapsody” ou “Back to Black”! “Better Man” é uma ótima cinebiografia e vai te entreter mesmo que você não conheça a música de Robbie Williams.
E o macaco? Certeza que você vai simpatizar com ele.
COTAÇÃO: ****
ONDE VER: nos cinemas de todo o Brasil
ESTRÉIAS DA SEMANA
Um Terror de Parentes - estreou ontem no Max:
Procurados: EUA - Osama Bin Laden - estreou esta semana na Netflix:
The Electric State - estréia hoje na Netflix:
Ladrões de Drogas - estréia hoje na Apple TV+:
DISCO DA SEMANA
Às vezes as gravadoras nos surpreendem positivamente. E nos deixam até mesmo cabreiros por saber que existe um poço sem fundo de preciosidades guardadas em seus arquivos.
Sem nenhum alarde ou divulgação, a Universal colocou este single aí embaixo nas plataformas na semana passada. Trata-se de três músicas inéditas de Gal Costa, gravadas em 1972, em estúdio, com a banda que a acompanhava na época (Lanny Gordin na guitarra, Bruce Henry no baixo, Tutty Moreno na bateria e Perna Fróes no piano e teclados).
Não se sabe porque este single ficou inédito até agora e nem porque, de uma hora pra outra, ele foi lançado. Mas que bom que foi!
São três músicas: “A morte”, de Gilberto Gil, “Vale quanto pesa”, de Luiz Melodia e “O dengo que a nega tem”, de Dorival Caymmi.
As três músicas são incríveis e a performance de Gal e banda, no auge do desbunde, da contracultura e da musicalidade na veia, é absurda. Isso sem falar no contexto histórico, da época em que essas músicas foram gravadas e tudo mais.
Se eu fosse você, ouviria nesta ordem aí mesmo, até porque quando você chegar na terceira, a de Caymmi, vai cair pra trás, se já não tiver caído. Trata-se de uma espécie de jam session de mais de 7 minutos de duração, com Gal e os músicos meio que improvisando algumas coisas em estúdio, dignas de a gente parar tudo pra ouvir. Recomendo ouvir bem alto!
Confiram AGORA:
Os discos que eu indico aqui vem sempre com um player do Spotify, mas eles podem ser encontrados em todas as outras plataformas: Apple Music, Deezer, Amazon Music, Tidal e por aí vai, se este for o seu caso.
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Me manda um email para podermos conversar. Ou comenta aí embaixo.
ERRATA
Os leitores Pablo de la Rocha e Marcelo Chaves me chamaram a atenção que eu escrevi uma nota que dizia que a terceira temporada da série “The Last of Us” não iria mais acontecer. Acontece que a notícia linkada se referia ao jogo, e não à série. A notícia correta está aqui. Obrigado a ambos pela correção.
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